Os conceitos de fenótipo e genótipo
Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da genética, no começo do século XX, foram os de fenótipo e genótipo, criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 – 1912).
Fenótipo
O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos,
característico) é empregado para designar as características
apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e
comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características
microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam de testes
especiais para a sua identificação.
Entre as características fenotípicas visíveis,
podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de uma pessoa, a
textura do cabelo, a cor do pelo de um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e
a sequência de aminoácidos de uma proteína são características
fenotípicas revelada apenas mediante testes especiais.
O fenótipo de um indivíduo sofre transformações com o
passar do tempo. Por exemplo, à medida que envelhecemos o nosso corpo
se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o fenótipo: se
ficarmos expostos à luz do sol, nossa pele escurecerá.
Genótipo
O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica) refere-se à constituição genética do indivíduo,
ou seja, aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo
quando dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é homozigota
dominante (VV) ou heterozigota (Vv) em relação à cor da semente.
Fenótipo: genótipo e ambiente em interação
O fenótipo resulta da interação do genótipo com o
ambiente. Consideremos, por exemplo, duas pessoas que tenham os mesmos
tipos de alelos para pigmentação da pele; se uma delas toma sol com mais
frequência que a outra, suas tonalidades de pele, fenótipo, são
diferentes.
Um exemplo interessante de interação entre genótipo e
ambiente na produção do fenótipo é a reação dos coelhos da raça
himalaia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pelos crescem pretos
e, em temperaturas altas, crescem brancos. A pelagem normal desses
coelhos é branca, menos nas extremidades do corpo (focinho, orelha, rabo
e patas), que, por perderem mais calor e apresentarem temperatura mais
baixa, desenvolvem pelagem preta.
Determinando o genótipo
Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode ser
observado diretamente, mesmo que seja através de instrumentos, o
genótipo tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da
análise de seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda pelo
sequenciamento do genoma do indivíduo, ou seja, leitura do que está nos
genes. A técnica do sequenciamento, não é amplamente utilizada, devido
ao seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem especializada. Por
esse motivo a observação do fenótipo e análise dos parentes ainda é o
recurso mais utilizado para se conhecer o genótipo.
Quando um indivíduo apresenta o fenótipo condicionado
pelo alelo recessivo, conclui-se que ele é homozigoto quanto ao alelo
em questão. Por exemplo, uma semente de ervilha verde é sempre
homozigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo condicionado
pelo alelo dominante poderá ser homozigoto ou heterozigoto. Uma semente
de ervilha amarela, por exemplo, pode ter genótipo VV ou Vv. Nesse caso,
o genótipo do indivíduo só poderá ser determinado pela análise de seus
pais e de seus descendentes.
Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja filho
de pai com fenótipo recessivo, ele certamente será heterozigoto, pois
herdou do pai um alelo recessivo. Entretanto, se ambos os pais têm
fenótipo dominante, nada se pode afirmar. Será necessário analisar a
descendência do indivíduo em estudo: se algum filho exibir o fenótipo
recessivo, isso indica que ele é heterozigoto.
Cruzamento-teste
Este cruzamento é feito com um indivíduo
homozigótico recessivo para o fator que se pretende estudar, que
facilmente se identifica pelo seu fenótipo e um outro de genótipo
conhecido ou não. Por exemplo, se cruzarmos um macho desconhecido com
uma fêmea recessiva podemos determinar se o macho é portador daquele
caráter recessivo ou se é puro. Caso este seja puro todos os filhos
serão como ele, se for portador 25% serão brancos, etc. Esta explicação é
muito básica, pois geralmente é preciso um pouco mais do que este único
cruzamento.
A limitação destes cruzamentos está no fato de
não permitirem identificar portadores de alelos múltiplos para a mesma
característica, ou seja, podem existir em alguns casos mais do que dois
alelos para o mesmo gene e o efeito da sua combinação variar. Além
disso, podemos estar cruzando um fator para o qual o macho ou fêmea
teste não são portadores, mas sim de outros alelos.
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